
“The Beef and Road”: Brasil lança nova estratégia de promoção da carne bovina na China
maio 16, 2025
Exportações brasileiras de carne bovina ultrapassam 1,2 milhão de toneladas até maio e seguem em ritmo de crescimento
junho 11, 2025Por ApexBrasil e Abiec
O Brasil acaba de entrar numa nova era das exportações de carne bovina. Na última sexta-feira (6), em Paris, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu oficialmente a certificação da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), (World Organisation for Animal Health – WOAH, em inglês) de país área livre de febre aftosa sem vacinação. Esperado há mais de 50 anos, o reconhecimento da OMSA é um marco histórico. O certificado permitirá o acesso a mercados de importações carne mais exigentes. A entrega ocorreu paralelamente ao Fórum Econômico Brasil-França, durante a visita de Estado do presidente Lula à França.
“É o reconhecimento de um país que tem no agronegócio, na pecuária, uma das suas mais importantes vertentes econômicas. Esse certificado é o reconhecimento da robustez e da confiabilidade do nosso sistema de defesa agropecuária. Mesmo sem a vacinação, está comprovado que a febre aftosa não circula em nosso país”, reforçou o presidente Lula.
“Este é um dia histórico, que comprova a força da nossa sanidade agropecuária e abre grandes oportunidades comerciais. Receber o certificado de país livre de febre aftosa sem vacinação é motivo de orgulho nacional”, exaltou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro. “Um resultado de mais de 60 anos de trabalho sério e comprometido dos nossos estados e de todos que atuam nesse setor”, completou. Fávaro destacou que o Brasil cumpriu todos os requisitos e, a partir de agora, poderá acessar mercados como o Japão, que pagam bem mais pela carne de países com esse reconhecimento sanitário.
Mais de 30 empresas associadas à Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) acompanharam a cerimônia em Paris, reforçando a importância do momento para a indústria exportadora brasileira. Na ocasião, a entidade também entregou ao presidente Lula e ao ministro Carlos Fávaro uma carta com propostas para transformar o novo status sanitário em avanços concretos nas negociações comerciais. O documento destaca oportunidades em mercados como Japão, Coreia do Sul, China, Indonésia, Europa e México, além de sugerir medidas para ampliar a competitividade do setor e garantir segurança jurídica aos exportadores.
“Este novo status sanitário não é um ponto final, é o ponto de partida de uma nova fase da nossa pecuária. A carta que entregamos hoje mostra como podemos transformar esse reconhecimento em acesso real a mercados mais exigentes, geração de renda e mais oportunidades para o Brasil”, afirmou o presidente da ABIEC, Roberto Perosa.
Roberto Perosa também comemorou a certificação. “Exportamos três milhões de toneladas no ano passado, mas o principal mercado da carne bovina brasileira é o Brasil. Nós deixamos no Brasil 70% da produção e exportamos os excedentes. Com essa certificação, vai ser possível aumentar os mercados”, disse.
De acordo com o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana, o Brasil fez o dever de casa, modernizou a agropecuária, cuidou da saúde animal e vem respeitando normas rígidas. Segundo ele, com esse certificado, o país alcança um novo patamar internacional. “Esse reconhecimento recebido aqui hoje pela Organização Mundial da Saúde Animal, declarando que o Brasil está livre de febre aftosa em mais de 20 estados é uma coisa extraordinária. Qualifica mais ainda a proteína animal nossa e abre portas para novos mercados”, disse Jorge Viana.
Histórico
Os últimos casos de febre aftosa no Brasil ocorreram em 2005. Em 1992, o MAPA implantou o Plano Estratégico do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PE-PNEFA) com o objetivo de “criar e manter condições sustentáveis para garantir o status de país livre de febre aftosa e ampliar zonas livres de febre aftosa sem vacinação, protegendo o patrimônio pecuário nacional e gerando o máximo de benefícios aos atores envolvidos e à sociedade brasileira”. Este plano foi desenhado para ser executado no período de dez anos, de 2017 a 2026, via utilização de vacinas, testes sorológicos e inspeção ante e post-mortem de 100% dos animais abatidos. Em maio de 2018, o Brasil foi reconhecido pela OMSA como país livre de aftosa com vacinação. Agora, em maio de 2025, o Brasil é então reconhecido como país livre de aftosa sem vacinação.
Exportações recordes de carne
O ano de 2024 entrou para a história como o maior em exportações de carne bovina pelo Brasil. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), que reúne 43 empresas do setor no país – responsáveis por 98% da carne negociada para mercados internacionais – foram exportadas 2,89 milhões de toneladas no ano passado, o que representa um aumento de mais de 26% em relação a 2023. O volume exportado movimentou US$ 12,8 bilhões, cerca de 22% a mais do que o faturado em 2023.
A promoção da carne bovina nacional no mundo é impulsionada pelo projeto setorial ‘Brazilian Beef’, fruto da parceria entre ApexBrasil e Abiec. “Além da alta qualidade, da garantia da origem, a certificação é um caminho aberto para a nossa carne chegar a mais mercados. Acredito que 2025 tem tudo para batermos o recorde em exportações e também em faturamento”, avalia Roberto Perosa.
Sobre a OMSA
A Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) é uma organização que atua para melhorar a saúde e o bem-estar animal no mundo. Ao coletar, analisar e divulgar informações científicas veterinárias, incentiva a solidariedade internacional no controle dos riscos à saúde animal. Seus objetivos são garantir a transparência das doenças animais, melhorar o padrão da saúde, promover o bem-estar e fortalecer os serviços veterinários nacionais. A OMSA concede certificações para doenças animais específicas, como: febre aftosa, peste bovina, peste suína clássica e peste suína africana. Para conseguir a certificação, é preciso seguir as seguintes etapas: Comprometimento nacional; envio de documentação oficial (histórico epidemiológico, plano de vigilância, protocolos de diagnóstico e controle, evidências de ausência da doença por mais de um ou dois anos dependendo do caso); Avaliação por especialistas da OMSA, Revisão e decisão (decisão é tomada durante assembleia mundial da OMSA); Manutenção da certificação (é preciso enviar relatórios regulares e manter as condições sanitárias).